As bases históricas da gestão da qualidade: a abordagem clássica da administração e seu impacto na moderna gestão da qualidade Show The historical principles of quality management: the classical management approach and its impact on modern quality management Edson Pacheco Paladini Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas. Universidade Federal de Santa Catarina. CP 476 – 88040-970 – Florianópolis – SC. Email: RESUMO Este artigo mostra como a Gestão da Qualidade, tal qual conhecemos hoje, embasou seu desenvolvimento em escolas fundamentais da Administração. Em particular, enfoca-se aqui a Escola Clássica, suas identidades e confrontos com a Gestão da Qualidade e seus reflexos nas suas principais ferramentas. Esta análise permite entender o verdadeiro alcance de conceitos e estratégias da Gestão da Qualidade, garantindo assim sua correta aplicação. Palavras-chave: gestão da qualidade; abordagem clássica da administração; influências e reflexos. ABSTRACT This paper shows how Quality Management, as we understand it today, has used the main concepts of fundamental management approaches. Here the impact of Classical Management Theory on Quality Management is considered. This analysis allows us to understand correctly the main concepts of Quality Management, as well as its main tools, in order to guarantee their correct application. Key words: quality management; classical management approaches; influences and consequences. 1. Introdução Este artigo parte do pressuposto básico que a prática dos últimos 10 anos tem se encarregado de ensinar a quem atua na área de Gestão da Qualidade. Esta hipótese é de formulação simples e envolve uma questão fundamental: por que fracassam os programas da qualidade quando implementados em organizações industriais e de serviços? A observação prática mostra que são muitas as causas que conduzem ao insucesso de programas da qualidade nas organizações. E evidencia, também, que a maioria delas está associada ao desconhecimento, em graus variados de intensidade e alcance, dos conceitos que embasam a qualidade ou das idéias e noções que fundamentam as ferramentas e as estratégias mais comuns do processo gerencial da qualidade. Esta restrição é mais visível em agentes de decisão sobretudo, aqueles com funções de gerência. E também mais crítica nestas áreas, responsáveis pelo planejamento tático das organizações, que significa, em última análise, o gerenciamento do dia-a-dia da empresa. Neste contexto, uma constatação prática tem sido feita. Em geral, estes profissionais conhecem, por sua formação básica, os modelos clássicos da Administração. Mas não os associam aos processos gerenciais em que se envolvem. Tendo em vista esta hipótese e esta constatação, desenvolveu-se a seguinte estratégia para tentar minimizar a causa básica apontada para o fracasso dos programas da qualidade: utilizar escolas clássicas da administração como fonte e referência histórica para a moderna gestão da qualidade (por moderna, aqui, entende-se a forma como a gestão da qualidade é entendida hoje, certamente de modo muito diferente em relação à década de 60). Por partir de conhecimentos de domínio público, este processo facilita um melhor entendimento dos conceitos que sustentam a gestão da qualidade, podendo-se garantir, com isto, aplicação mais adequada de suas ferramentas e estratégias. A idéia de associar a gestão da Qualidade com escolas clássicas da administração não é nova nem inédita. No Brasil, autores como GIL (1992); CERQUEIRA NETO (1995) ou CARAVANTES et al. (1997) já mostram claramente que esta relação existe, até por imposição natural do desenvolvimento gerencial. Textos clássicos de Engenharia de Produção no Brasil, como Fleury (1989) e Fleury & Fleury (1995) também mostram evidências na mesma direção. O presente trabalho pretende apenas contribuir para uma análise mais abrangente da questão, oferecendo novos ângulos de análise. Este estudo envolveu várias escolas da História da Administração. Neste artigo, somente o impacto da abordagem clássica sobre a gestão da qualidade será discutido. É extremamente importante observar que, para garantir fidelidade aos textos clássicos, o artigo utilizou como referência alguns textos didáticos bem conhecidos. Solicita-se que esta restrição, propositadamente assumida por razões de fidelidade a posições originais dos autores, seja considerada. O artigo enfatiza as práticas organizacionais. Por isso, utilizou-se autores que investem na resenha destas estratégias no âmbito das escolas estudadas. De certa forma, a Abordagem Clássica da Administração surgiu como uma tentativa de organizar as empresas que, a partir exatamente da Revolução Industrial, vinham crescendo desordenadamente. A idéia original era conferir uma abordagem científica à administração, até então empírica e improvisada. Havia, também, neste período, preocupação com eficiência e produtividade, considerando-se, sobretudo, a racionalização dos recursos da empresa. Supunha-se que estes seriam objetivos que se poderia alcançar como decorrência da melhor organização. Compõem a Abordagem Clássica da Administração duas grandes correntes: a Administração Científica (Taylor) e o enfoque anatômico (Fayol). Além destas correntes, há outros trabalhos relacionados a esta abordagem, que apresentam contribuições relevantes para a formulação do modelo de gestão para a organização como um todo, que foi estruturada nesta abordagem. Mas, para efeito de seleção de referenciais, esta postura tem sua razão de ser, já que a meta é encontrar identidades e confrontos entre a gestão da qualidade e posturas clássicas das teorias da administração. Neste texto, define-se Gestão da Qualidade como sendo o conjunto de estratégias que, organizadamente desenvolvidas, visam produzir qualidade em processos, produtos e serviços. 2. A Gestão da Qualidade e a Administração Científica O Movimento de Administração Científica utiliza-se de algumas noções básicas que sustentam os mecanismos de gestão. Pode-se identificar alguns conjuntos de referenciais que a Administração Científica formulou e utilizou para fundamentar suas propostas. O primeiro destes conjuntos, e talvez o mais conhecido, parte da idéia de que o homem é um ser essencialmente racional. Quando se defronta com uma decisão a tomar, o homem tende a conhecer todas as possibilidades de ação disponíveis e as conseqüências que cada uma delas gera. Desta forma, o decisor pode selecionar a melhor alternativa, conseguindo os melhores resultados de sua decisão. A Administração Científica considera cada decisão como motivada por elementos econômicos. Todos os benefícios, diretamente ou indiretamente, sempre acabam redundando em lucros. Neste sentido, os valores do homem sempre têm base econômica. Como se percebe, a Administração Científica traça um modelo muito elementar do homem e, por extensão, da natureza humana. Com esta simplificação, esta escola procedeu rápida edificação de uma teoria da administração. De fato, se os objetivos do ser humano estão já definidos, e, ao mesmo tempo, convergem sempre para uma mesma direção, qualquer ação que vá ao encontro delas está com seu sucesso garantido. Interessante notar que, apesar de simplista, a proposta de Taylor tem larga aceitação até nossos dias. Um segundo conjunto de referenciais importantes pelo qual se guia a Administração Científica refere-se ao processo de desenvolvimento do trabalho. A idéia aqui também é simples: em qualquer situação, existe uma única maneira certa de executar qualquer operação. Se esta maneira for descoberta e implantada, estará garantida a máxima eficiência do trabalho. Taylor, expoente máximo desta abordagem, admitia a execução de várias experiências para definir a forma mais racional de desenvolver determinada atividade. Relata-se, por exemplo, um experimento envolvendo vários movimentos, sendo a duração de cada um medida com precisão, até que se encontre a maneira mais rápida de executar a tarefa (Motta, 1989). Este raciocínio, igualmente simplificado, reduz o processo de gestão a um conjunto de decisões referentes à otimização do processo produtivo, quase fazendo com que a função única do administrador seja selecionar a maneira certa de executar cada atividade (segundo Taylor, esta maneira é única). A idéia de que existe um padrão para cada operação e, portanto, uma única maneira correta de executá-la, pressupõe a identificação de alguém que a execute. Nasce a idéia de que existem pessoas ideais para cada tipo de atividade. Seria, no caso, o operador-padrão, que deve ser considerado como base para o estudo do desempenho de todos os demais operadores. Uma vez fixados os padrões de produção, o passo seguinte visa garantir seu alcance. A Escola Clássica sugeria, para tanto, a seleção, o treinamento, o controle por supervisão e o estabelecimento de um sistema de incentivos (MOTTA, 1989). Pela seleção, determinavam-se aqueles que eram hábeis o suficiente para desempenhar certas funções; a eles seriam conferidos treinamento para que fossem realizadas operações simples, uma vez que havia padronização do trabalho. O controle não incluía procedimentos que conferissem resultados, mas procurava supervisionar o processo como um todo. O terceiro conjunto de referenciais envolvia o próprio papel da administração. Segundo esta abordagem, o principal objetivo da administração seria assegurar o máximo de prosperidade ao dono da empresa, e, ao mesmo tempo, o máximo de vantagens materiais ao operário. Tentava-se criar, portanto, perfeita identidade de interesses de empregados e patrões. É interessante notar, nos princípios de Taylor, como funcionam as relações entre a empresa e seus empregados (Chiavenatto, 1986): (1) atribuir a cada trabalhador a tarefa mais elevada possível, conforme suas aptidões pessoais (seleção científica do trabalhador); (2) exigir de cada trabalhador uma produção sempre igual ou maior ao padrão estabelecido (tempo padrão) e (3) conferir remuneração em relação a cada unidade produzida. A remuneração será maior para aqueles que alcançarem e superarem o padrão estabelecido. A Administração Científica iniciou a análise do trabalho e, em particular, o estudo dos tempos e movimentos. Neste contexto, procurou-se detalhar o trabalho para otimizá-lo a partir de cada movimento elementar. Sempre com a meta de obter o maior rendimento, com o mesmo custo e esforço. A proposta de Taylor era interessante na medida em que buscava uma identidade entre interesses de operários e patrões. Para os primeiros, prometia-se vantagens financeiras sob forma de salários e benefícios; para os segundos, vantagens sob forma de redução de custos e aumento da produtividade. Chiavenatto (1986) enumera várias vantagens do controle dos tempos e movimentos. Este controle elimina movimentos inúteis, substituindo-os por outros, mais eficazes; torna mais eficaz e racional a seleção e treinamento do pessoal; possui uma base segura para melhorar a eficiência do trabalho e, conseqüentemente, o rendimento da produção; distribui uniformemente o trabalho, para que não haja períodos de falta ou excesso de atividade; apresenta uma base uniforme para a fixação de salários eqüitativos e para que sejam concedidos prêmios por aumento de produção; e permite o cálculo mais preciso do custo unitário e do custo global dos produtos. Taylor buscava substituir a ação improvisada pela ação científica. Isto era visível na seleção e formação de operários, na tentativa de gerar um modo técnico de desenvolver o trabalho; nos mecanismos básicos de divisão do trabalho e das responsabilidades. Neste contexto, a Administração Científica formulou princípios gerais para definir o papel do gerente. Fundamentalmente, estes eram os princípios:
Outros princípios operacionais da Administração Científica são os seguintes: analisar cada atividade antes de fixar seu padrão de operação; eliminar ou reduzir movimentos inúteis, além de aperfeiçoar e racionalizar os movimentos úteis; e dividir as atividades em duas fases: preparo e desenvolvimento. A cada fase, conferir características precisas e delimitadas; estabelecer prêmios e incentivos a serem conseguidos quando se atingirem determinados alvos e prêmios e incentivos maiores, para quando os padrões forem ultrapassados; dividir com todos os bons resultados (empresa, trabalhadores e consumidores); facilitar o uso dos recursos, por exemplo, classificando equipamentos, processos, informações ou materiais a serem utilizados ou produzidos. Taylor tinha uma visão muito simplificada e imediatista do processo produtivo mas, ao mesmo tempo, prática e objetiva. Isto fica evidente quando ele enuncia seus elementos de aplicação da Administração Científica, que envolvem aspectos como a utilização da régua de cálculo e instrumentos semelhantes para economizar tempo; o emprego de fichas com instruções de serviço; esquemas práticos para a classificação tanto dos produtos acabados quanto do material envolvido na fabricação, etc. Na maioria dos casos, entretanto, nota-se a preocupação permanente de Taylor com o componente econômico dos sistemas produtivos. Esta ênfase está presente em elementos como prêmios e benefícios financeiros associados à correta execução das atividades; a gratificação diferenciada por atividade e responsabilidade; sistema de delineamento da rotina de trabalho voltado para a minimização de custos e até mesmo mecanismos de cálculo de custo. Esta visão está presente em estudos de tempos e movimentos (prioridade permanente à minimização de custos; procedimentos de supervisão funcional voltados para a eficiência máxima do processo; padronização de ferramentas e dispositivos de fabricação. Os princípios que Taylor adotou para conciliar os interesses entre empregadores e empregados originaram muitos problemas. Atualmente, há quem afirme que estes princípios foram a causa de distorções na aplicação dos dispositivos gerenciais de Taylor. A suposição de que o operário se move apenas incentivado por benefícios materiais, porém, continua como o maior equívoco da teoria. Estas idéias geraram importantes reflexos na área de gestão da qualidade, como se verá a seguir. REFLEXOS NA GESTÃO DA QUALIDADE CONFRONTOS:
IDENTIDADES:
REFLEXOS NAS ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS DA GESTÃO DA QUALIDADE: São muitas as restrições à teoria da Administração Científica. Elas começam, talvez, na falta de sustentação científica, algo que seria essencial, já que Taylor pretendia transformá-la em ciência, embora nunca tenha apresentado comprovação científica das suas afirmações, elementos e princípios. Outro ponto a considerar é a visão incompleta da organização, restrita à sua estrutura formal, sem se considerar a organização informal, base da cultura da empresa, elemento fundamental para a qualidade. A simplificação da análise da organização é outro elemento crítico a considerar. A Administração Científica parece centrada na visão de fábrica, na empresa em si e, segundo alguns autores, considera a cultura do ambiente de onde provém os operários de forma pouco enfática (uma constatação feita por um autor de sugestões a este artigo afirma, com razão, que se a cultura local não fosse considerada a abordagem teria morrido). Por outro lado, a Administração Científica traçou um perfil da "qualidade inline", um conceito só definido 50 anos mais tarde. Entre acertos e erros, vantagens e benefícios, é inegável que a Administração Científica teve fortes reflexos na Gestão da Qualidade, como se observa na análise dos elementos a seguir.
3. Os Princípios de Ford e as Bases da Produção em Série da Abordagem Clássica da Administração Henry Ford (1863-1947) foi um dos importantes fundadores da abordagem Clássica da Administração. Sua atividade profissional iniciou-se como mecânico, atingindo, depois, o posto de engenheiro-chefe em uma fábrica. Em 1899, Ford fundou a primeira fábrica de automóveis, logo em seguida fechada. Mas seu esforço continuou e, logo após, criou a Ford Motor Company que, em 1913, já fabricava quase 900 carros por dia. No final da década de 20, suas 90 empresas empregavam 140.000 pessoas e fabricavam dois milhões de carros por ano. Ford criou mecanismos interessantes de administração. Em 1915, por exemplo, ele fundou o instituto do salário-mínimo; no ano anterior, havia criado a jornada diária de trabalho (8 horas); desenvolveu um sistema de produção altamente concentrado vertical e horizontalmente, da matéria-prima ao produto acabado, e criou um processo complementar da atividade industrial, com métodos de vendas diretas ao cliente e assistência técnica ao consumidor. Este conjunto de mecanismos, somado a alguns princípios operacionais, formam uma estrutura bem definida, que poder-se-ia chamar de "projeto administrativo de Ford". Um dos conceitos que sustenta este projeto é, sem dúvida, o de produção em série ou "em massa". Para Ford, a produção em massa se baseia fundamentalmente na simplicidade. Para tanto, devem ser considerados alguns elementos básicos:
A produção em massa, segundo Ford, tende a produzir efeitos positivos. Ford identificou os seguintes como os mais relevantes:
O projeto administrativo de Ford fica mais explícito quando se considera seus três princípios básicos (Chiavenatto, 1986:44): (1) Intensificação: consiste em diminuir o tempo de produção via utilização de equipamentos e matéria-prima, bem como a rápida colocação do produto no mercado; (2) Economicidade: consiste em reduzir ao mínimo o volume de estoque da matéria-prima em transformação. Por meio desse princípio, Ford gerou um sistema de fluxo de recursos financeiros intenso: antes de vencer o prazo de pagamento de materiais adquiridos ou antes de atingir a época de pagar salários, sua empresa já tinha recebido pelo produto acabado entregue, e (3) Produtividade: consiste em aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período, pela racionalização de suas atividades. Neste último princípio, nota-se perfeita identidade entre Taylor e Ford. De fato, trata-se da mesma idéia: o operário ganha mais, no mesmo período de tempo, e fica feliz. Já o empresário tem maior produção e também fica feliz. REFLEXOS NA GESTÃO DA QUALIDADE CONFRONTOS:
IDENTIDADES:
REFLEXOS NAS ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS DA GESTÃO DA QUALIDADE:
Técnicas mais recentes, como o Just-in-time, parecem ter suas raízes em princípios como o da Economicidade. De fato, já nesta época, Ford preocupava-se com a redução de estoques e o desenvolvimento de um modelo produtivo puxado pelo cliente. Uma frase típica de Ford: "Extraímos a matéria-prima no sábado; na terça-feira, o cliente já recebeu o carro" (Ford, 1940). 4. Os Princípios de Emerson: A Noção de Eficiência na Escola Clássica da Administração Diversos autores notam que Taylor priorizou mais a filosofia da Administração Científica (na sua visão, a essência do sistema), que exige uma revolução mental em nível de administração e funcionários. Já estes autores notam também que a tendência de seus seguidores foi a de desenvolver uma preocupação maior com o mecanismo e com as técnicas do que com a filosofia da Administração Científica (Chiavenatto, 1986). Um exemplo que sustenta esta análise pode ser obtido analisando-se o que Gilbreth descreve como "lei ou princípio da Administração Científica" que envolve o estudo de tempo; a determinação de padrões de produção; o emprego de fichas de instrução; o uso de métodos funcionais para administração da fábrica; o emprego de métodos de pagamento por compensação e até mesmo medidas sutis destinadas a evitar a "cera" no trabalho. Como descrito acima, Taylor incluíra estes aspectos no que ele chamou de "mecanismo de aplicação da Administração Científica". Outro autor a destacar nesta mesma linha é Emerson. Um dos mais importantes integrantes da Escola Clássica, Harrington Emerson (1853-1931) foi também um colaborador direto de Taylor. Emerson era engenheiro e priorizou, na sua visão administrativa da empresa, os processos de simplificação das operações industriais e dos próprios métodos propostos por Taylor. Emerson considerava que, mesmo prejudicando a perfeição da organização, seria mais razoável incorrer em menores custos e realizar menores despesas na análise do trabalho (Chiavenatto, 1986: 43). Uma característica fundamental do seu trabalho foi a popularização da Administração Científica, tornando-a mais conhecida. Ele desenvolveu os primeiros esforços no sentido de gerar um processo de seleção e treinamento de recursos humanos das organizações. Emerson fixou alguns princípios voltados para a eficiência de processos e serviços (Emerson, 1912). Em particular, doze princípios foram mais enfatizados: traçar um plano objetivo e bem definido; estabelecer o predomínio do bom senso; manter orientação e supervisão competente; manter disciplina; haver honestidade nos acordos, ou seja, justiça social no trabalho; manter registros precisos, imediatos e adequados; fixar remuneração proporcional ao trabalho; fixar normas padronizadas para as condições de trabalho; fixar normas padronizadas para o trabalho; fixar normas padronizadas para as operações; estabelecer instruções precisas e fixar incentivos eficientes ao maior rendimento e à eficiência. REFLEXOS NA GESTÃO DA QUALIDADE CONFRONTOS:
IDENTIDADES:
REFLEXOS NAS ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS DA GESTÃO DA QUALIDADE:
5. Fayol e a Centralização Administrativa Outro autor importante da Escola Clássica da Administração Científica foi Henry Fayol (1841-1925). Fayol fixou alguns princípios para o desenvolvimento do trabalho (Fayol, 1954). Os princípios que parecem ter maiores influências na atual Gestão da Qualidade são os seguintes: o trabalho requer especialização; é fundamental que haja disciplina no trabalho; existe uma relação clara entre autoridade e responsabilidade; existe um fluxo único de autoridade; há uma relação única entre chefes e objetivos (atividades de igual objetivo tem única administração); a autoridade deve ser estruturada linearmente e o interesse individual é menos importante do que o interesse geral. Fayol é considerado um teórico importante da administração mais pelo processo de sistematização de conceitos já lançados do que pela introdução de idéias novas. Mas é, também, um pensador fortemente polarizado por uma única noção: a do comando forte, centralizador e autoritário. Fayol dizia que, em relação a este último item, o administrador só deve ser autoritário se for necessário. Em seguida ele acrescenta: "E quase sempre é..." (Fayol, 1954:23). REFLEXOS NA GESTÃO DA QUALIDADE CONFRONTOS:
IDENTIDADES:
REFLEXOS NAS ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS DA GESTÃO DA QUALIDADE:
6. Urwick: O Primeiro Passo Rumo às Estruturas Informais Outro autor importante da Escola Clássica foi Lyndall F. Urwick (1891-1980), que, para divulgar os ideais do modelo administrativo preconizado por esta escola, formulou quatro princípios básicos: (1) cada atividade deve ser desempenhada por quem melhor a conhece; (2) deve haver um fluxo de autoridade claramente definido na organização; (3) deve ser limitado o número de subordinados de cada gerente e (4) a estrutura de funções e responsabilidades deve ser claramente definida e oficializada (Urwick, 1943). Urwick estudou profundamente o modelo de liderança que ele julgava adequado para o modelo administrativo da Escola Clássica. De fato, ainda que tenha enfatizado a estrutura formal da organização, Urwick foi um dos primeiros autores desta escola a estudar e formular um modelo de liderança. Para ele, o líder deveria ser alguém que fosse a "cara" da empresa, isto é, alguém que espelhasse, personificasse e representasse a sua organização. Surge, deste modo, a idéia de que o líder se identifica claramente com a organização. Conhecendo bem sua empresa, o líder pode explicar para os outros seu funcionamento, diretrizes e missão. Isto é feito globalmente em termos de políticas gerais de funcionamento, e localmente em cada atividade desempenhada pelos operários. Segundo Urwick, o líder os ajuda a entender suas atividades e os motiva a executá-las da melhor maneira possível. O líder, portanto, estimula pensamentos, atitudes e comportamentos coerentes com a realidade da empresa. Urwick entendia que o líder devia atuar de forma sempre planejada, sem improvisações (Urwick, 1943). Ao se preocupar em definir o papel do líder, Urwick deu o primeiro passo em direção à estrutura informal, que, na prática, é que produz qualidade nas organizações. Logo ele, que enunciara um princípio que enfatiza a oficialização de procedimentos e diretrizes de operação. REFLEXOS NA GESTÃO DA QUALIDADE
IDENTIDADES:
REFLEXOS NAS ESTRATÉGIAS E FERRAMENTAS DA GESTÃO DA QUALIDADE: É possível que os reflexos dos princípios de Urwick em estratégias da Gestão da Qualidade sejam mais visíveis pelo seu aspecto negativo. Analisando-se os confrontos listados, pode-se reformular os quatro princípios como segue: (1) todas as atividade devem ser conhecidas por todos. Detalhes técnicos podem ser repassados em treinamentos, dirigidos a quem vai desempenhá-los; (2) deve haver um fluxo de funções e atividades a desempenhar (com as respectivas responsabilidades) claramente definido na organização; (3) cada subordinado deve conhecer suas atividades e depender o menos possível de seu gerente e (4) a estrutura de funções e responsabilidades deve ser claramente definida e oficializada. Urwick tinha as mesmas preocupações que outros teóricos da Escola Clássica e investia na especialização e nas relações fortes entre autoridade e subordinados. As estratégias atuais da Gestão da Qualidade não parecem enfatizar estes aspectos. Já a oficialização das funções é um elemento importante na Gestão da Qualidade e este é um mérito do modelo de Urwick. Paradoxalmente, Urwick introduziu conceitos em direção às estruturas informais da qualidade. Sua definição de líder produz um primeiro elemento no perfil do gerente da qualidade que talvez se pudesse chamar de "ideal": o conhecimento e sua identificação pessoal com a empresa. De fato, pode-se afirmar que o gerente da qualidade deve ser alguém que tenha a cara da empresa. O passo seguinte envolve repassar informações aos subordinados para fazê-los trabalhar num modelo perfeitamente adequado ao que deles se espera. Urwick sugere, também, como o gerente da qualidade deve atuar: "de forma sempre planejada, sem improvisações". É possível que ele tenha definido um elo de ligação entre a Escola Clássica e a Escola Humanística, que se seguira e surgiria em oposição a ela. 7. Conclusões Uma análise das escolas clássicas da administração mostra que as raízes da Gestão da Qualidade se encontram em conceitos, estratégias, diretrizes e postulados que caracterizaram cada um destes movimentos da história da administração. Este estudo permite melhor compreensão da própria Gestão da Qualidade pela análise dos fundamentos de políticas, diretrizes, técnicas e ferramentas por ela utilizadas e, simultaneamente, garante meios para a correta aplicação de mecanismos importantes no processo de gestão. Com efeito, assim como são nocivos os resultados do emprego de conceitos incorretos da qualidade, é igualmente prejudicial o emprego de técnicas inadequadas às diversas situações em que se observa o esforço pela qualidade. O esforço para corrigir conceitos incorretos da qualidade, sobretudo em termos de sua aplicação prática, pode determinar a minimização de uma das causas mais conhecidas que contribuem para o fracasso de programas da qualidade implantados nas organizações. De fato, o uso incorreto de ferramentas gera frustrações e perda da expectativa positiva de resultados que tais programas podem gerar. O emprego de conceitos incorretos cria referenciais equivocados para ações e decisões. E, tudo somado, cria-se um clima que tende a comprometer, de forma irremediável o programa como um todo. Ao apelar para identidades, confrontos e reflexos das escolas clássicas da administração sobre a gestão da qualidade, procurou-se utilizar conceitos conhecidos para garantir a correta compreensão de noções deles decorrentes ou por eles afetadas. Além de concluir pela utilidade deste processo em si, este artigo aponta para outras conclusões em termos do estudo feito. Nota-se, por exemplo, que a Gestão da Qualidade formulou seu modelo básico considerando o próprio desenvolvimento das escolas clássicas da administração. Nelas ela aprendeu o que fazer e como fazer; o que evitar; a que atribuir relevância e o que desconsiderar. Este arcabouço histórico foi, sem dúvida, uma vantagem fundamental para a Gestão da Qualidade. Em alguns casos, a Gestão da Qualidade apenas redirecionou muitas das estratégias que as escolas da administração formularam. Esta reformulação envolve vários elementos, como a análise da ação dos recursos humanos face à Administração Científica e a estrutura do modelo gerencial tendo em vista os princípios de Urwick. Em outros casos, a Gestão da Qualidade buscou nas posições de confronto um referencial para suas próprias estratégias. Diante da visão simplificada que a Administração Científica tinha dos recursos humanos nas organizações, foram propostas estratégias abrangentes de envolvimento, que resultaram num processo de integração amplo e complexo. Como se percebe hoje, contudo, esta integração é fundamental para a qualidade. Concluir que as bases da Gestão da Qualidade residem na Ciência da Administração, em seus vários estágios de desenvolvimento, é um elemento vital para sua própria consolidação. E para torná-la uma ciência. Além, é claro, da utilidade prática de utilizar-se estas bases históricas para resolver problemas atuais. Como os indivíduos eram vistos na escola clássica?Embasados nos princípios da escola clássica e de alguns autores desta e decorrentes, o colaborador era somente um ser quem em sua motivação para o aumento da produção tinha somente o foca no lucro, Homo econômicos, e o mesmo era mecanizados seus movimentos na produção segundo um grande influenciador desta escola ...
Qual é o foco principal da escola clássica?A Escola Clássica, de acordo com Maximiano (2017), trata dos avanços na teoria e no exercício da administração no âmbito organizacional ocorridos no século XX. É assim denominada devido à criação e sistematização dos seus conceitos fundamentais, estes, idealizados pelos seus partícipes: Taylor, Ford e Fayol.
Qual o objetivo da escola clássica?Escola clássica
Os clássicos fizeram as primeiras experiências, criaram as primeiras soluções e apresentaram as primeiras ideias. Uma de suas principais preocupações, provavelmente a principal, era entender e fazer funcionarem as organizações e os sistemas produtivos que nasceram com a revolução industrial.
O que defende a Teoria Clássica da Administração?A teoria clássica caracteriza pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. da eficiência das organização. A A C se dava pela racionalização do trabalho operário e do somatório das eficiências individuais enquanto a clássica, partia do todo organizacional para garantir a eficiência.
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