A Escola de Frankfurt foi uma vertente de análise e pensamento filosófico e sociológico que surgiu na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Seu principal objetivo era estabelecer um novo parâmetro de análise social se baseando em uma releitura do marxismo.
Essa vertente foi nomeada como teoria crítica, uma vez que faz uma crítica social do desenvolvimento intelectual da sociedade que incide sobre as teorias iluministas; e, também, porque propõe uma leitura crítica do marxismo, com novas propostas para além dele, no entanto, mantendo o viés da esquerda.
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Contexto histórico
Por volta de 1920, em meio às grandes mudança tecnológicas, à nova configuração social e às experiências do século XX, os pensadores da Escola de Frankfurt acreditavam que os ideais do iluminismo e do positivismo haviam falhado. Isso porque, essas duas vertentes filosóficas pregavam que o avanço científico e à ampliação do conhecimento por meio da escolarização e da disseminação da informação levariam ao avanço moral da sociedade, algo que os frankfurtianos não contemplavam naquele momento, pelo menos.
De forma geral, os filósofos da Escola de Frankfurt defendiam que as teorias iluminista e positivista não se sustentaram, e o motivo para isso, eram os diversos fenômenos ocorridos no século XX, tais quais a Primeira Guerra Mundial e a Crise de 1929. Além disso, o antissemitismo ganhava cada vez mais espaço na Europa, afetando diretamente os pensadores de Frankfurt. Entre eles, o filósofo e crítico literário Walter Benjamin morreu sob domínio dos nazistas, e os filósofos Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Max Horkheimer tiveram que se refugiar nos Estados Unidos para escaparem da perseguição.
Com base nessas analises, a maior comprovação era na visão dos frankfurtianos de que não havia um progresso, mas sim um regresso da sociedade.
Principais conceitos
Até por conta de sua extensão histórica, a Escola de Frankfurt conta com uma gama de diferentes pensadores e diferentes gerações unida, principalmente, peça produção intelectual de uma teoria crítica. Todos os pensadores frankfurtianos se dedicaram a tecer teorias críticas contra o capitalismo e a atualizar os conceitos sobre o marxismo, criando assim novas alternativas ao socialismo marxista que fossem mais adaptadas ao século XX.
O aspecto cultural foi um dos mais debatidos pelos pensadores dessa vertente. De acordo com a teoria crítica, era necessário olhar para a cultura para perceber que as bases da sociedade capitalista eram sólidas devido a alienação que cultural que favorecia o capitalismo.
Gerações da Escola de Frankfurt
A diferença entre gerações é marcada pela diferença das teorias produzidas. Os pensadores de Frankfurt são divididos entre primeira e segunda geração:
- Primeira geração: composta pelos filósofos e sociólogos Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse, Erich Fromm, Otto Kirchheimer, Friedrich Pollock e Leo Löwenthal. Esses pensadores compuseram as primeiras bases do pensamento frankfurtiano e da teoria crítica, além de receberem importantes contribuições de teóricos associados ao Instituto de Pesquisa Social, como Walter Benjamin e Ernst Bloch.
- Segunda geração: formada pelos filósofos e sociólogos Axel Honneth, Albrecht Wellmer, Jürgen Habermas, Oskar Negt, Franz Neuman e Alfred Schmidt.
Principais nomes
Theodor Adorno
Foi um pensador alemão que se dedicou a entender a problemática moral e social do século XX frente ao capitalismo. Por ser judeu e comunista, foi perseguido pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos.
Max Horkheimer
Foi um dos diretores do Instituto de Pesquisa Social. O filósofo e sociólogo foi responsável, junto a Adorno, por elaborar o conceito de Indústria Cultural, no livro Dialética do esclarecimento. Também foi perseguido pelo nazismo e refugiou-se nos Estados Unidos.
Herbert Marcuse
Um dos mais polêmicos pensadores da Escola de Frankfurt, dedicou-se a entender a relação entre sexualidade e capitalismo, além de estudar as problemáticas envolvendo raça e exclusão social. Seus estudos englobavam o marxismo e a psicanálise freudiana.
Foi perseguido pelos nazistas por ter origem judaica e por ser socialista. Assim como Adorno e Horkheimer, Marcuse refugiou-se nos Estados Unidos, onde lecionou na Universidade da Califórnia até 1969.
Walter Benjamin
Apesar de não ter vínculo direto com o Instituto de Pesquisa Social e de morrer antes da sua reformulação como Escola de Frankfurt nos anos de 1950, Benjamin colaborou com textos para a Revista do Instituto de Pesquisa Social vinculada à Universidade de Frankfurt.
Dedicou-se à crítica literária e da arte em geral.
Erich Fromm
Influenciado pelo marxismo e pela psicanálise freudiana, une elementos psicanalíticos para estabelecer o papel do ser humano na sociedade como fator de mudança social. Ele analisou fatores da formação da pessoa, como a família e as relações sociais, numa vertente crítica do marxismo.
Jürgen Habermas
O mais influente dos pensadores da segunda geração da Escola de Frankfurt. Ainda hoje se dedica a entender a ética e a política em meio às extensas possibilidades do discurso na atualidade. Para Habermas, as pessoas devem buscar o consenso democrático com base em um discurso que contemple a todos os cidadãos.
Escola de Frankfurt e a Teoria Crítica
A ênfase no componente “crítico” e “dialético” da teoria frankfurtiana são aspectos fundamentais para elaboração de um arcabouço teórico.
Assim, ela é capaz de realizar a autocrítica como forma de rejeição de toda pretensão absoluta.
Compreendida enquanto uma autoconsciência social crítica, a “teoria crítica” busca a mudança e emancipação do ser humano por meio do esclarecimento.
Para tanto, rompe com o dogmatismo da “teoria tradicional”, positivista e cientificista, da qual o principal atributo é a razão instrumental.
Portanto, a
teoria crítica busca se situar ela mesma fora das estruturas filosóficas limitadoras.
Ao mesmo tempo ela cria um sistema auto reflexivo que explique os meios de dominação e aponte os modos de superá-lo. O intuito é alcançar uma sociedade racional, humana e naturalmente livre.
Essa “autorreflexão” é garantida pelo método de análise dialética, meio pelo qual podemos descobrir a verdade ao confrontar ideias e teorias.
Assim, o método dialético, aplicado a si mesmo, consuma-se um método autocorretivo para as ciências que utilizam este processo de pensamento.
Escola de Frankfurt e a indústria cultural
Foi na Escola de Frankfurt que surgiu o conceito de indústria cultural, mais especificamente no livro Dialética do esclarecimento, de Theodor Adorno e Max Horkheimer. Adorno e Horkheimer entendiam que haviam apenas dois tipos de cultura autêntica: a cultura erudita e a cultura popular.
A cultura erudita é produzida por uma elite intelectual, ela seria refinada, menos intuitiva mais elaborada, com maior valor estético, seria o meio para que a intelectualidade se desenvolvesse plenamente, e deveria ser ampliada para o público.
Já a cultura popular é uma forma autêntica de fazer-se arte e cultura vinculadas às culturas tradicionais dos povos. Ela é autêntica, porém menos refinada e mais intuitiva.
Desta forma chegamos a uma espécie de cultura não-autêntica, a cultura de massa. Trata-se de uma fusão de elementos da cultura erudita e da popular e da alta reprodutibilidade técnica. De acordo com os pensadores, a cultura de massa é um recurso capitalista para vender uma forma inferior de arte capaz de alienar e manter a população sob controle. A indústria cultural se limitaria a produzir o puro entretenimento disfarçado de arte aparentemente agradável e de fácil consumo.
Esta é, principalmente, uma critica a produção em massa de conteúdos artísticos e culturais, tais quais, filmes, livros, musicas produzidos em larga escala com o puro intuito de lucrar. Em outras palavras, uma critica a cultura pop que conhecemos hoje.
FAQ – Perguntas frequentes
O que foi a Escola de Frankfurt?
A Escola de Frankfurt foi uma vertente de análise e pensamento filosófico e sociológico que surgiu na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Seu principal objetivo era estabelecer um novo parâmetro de análise social se baseando em uma releitura do marxismo.
Quais foram os principais pensadores?
Quais os principais conceitos?
Todos os pensadores frankfurtianos se dedicaram a tecer teorias críticas contra o capitalismo e a atualizar os conceitos sobre o marxismo, criando assim novas alternativas ao socialismo marxista que fossem mais adaptadas ao
século XX.
O aspecto cultural foi um dos mais debatidos pelos pensadores dessa vertente. De acordo com a teoria crítica, era necessário olhar para a cultura para perceber que as bases da sociedade capitalista eram sólidas devido a alienação que cultural que favorecia o capitalismo.
Quais as culturas autênticas?
A cultura erudita é produzida por uma elite
intelectual, ela seria refinada, menos intuitiva mais elaborada, com maior valor estético, seria o meio para que a intelectualidade se desenvolvesse plenamente, e deveria ser ampliada para o público.
E a cultura popular é uma forma autêntica de fazer-se arte e cultura vinculadas às culturas tradicionais dos povos. Ela é autêntica, porém menos refinada e mais intuitiva.
O que é a cultura de massa e porque ela é ruim?
Trata-se de uma fusão de elementos da cultura erudita e da popular e da alta reprodutibilidade técnica. De acordo com os pensadores, a cultura de massa é um recurso capitalista para vender uma forma inferior de arte capaz de alienar e manter a população sob controle. A indústria cultural se limitaria a produzir o puro entretenimento disfarçado de arte aparentemente agradável e de fácil consumo.
O que a teoria crítica defende?
A teoria crítica é uma abordagem teórica que, contrapondo-se à teoria tradicional, de matriz cartesiana, busca unir teoria e prática, ou seja, incorporar ao pensamento tradicional dos filósofos uma tensão com o presente.
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